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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

tempo

E algumas vezes você só precisa dormir pra essa dor passar.
E passa, enquanto você dorme e tem apenas bons sonhos saudosistas. E volta, quando você descobre mais uma vez que essa dor do tempo insiste em ficar alojada no peito.
E não mais somente o peito dói. Parece mesmo que há um grande buraco, vazio, em algum lugar que você não consegue identificar. E o tempo não tampou. O tempo nem sequer se preocupou em deixar as lembranças se dissolverem, nem apagar a gama de palavras falsas que permeiam todos os sentimentos.
O tempo é o grande vilão, que permite que a dor seja cultivada, que aumente a cada dia. O tempo me faz ter medo do futuro, me faz conhecer cada vez menos de mim mesma.
Dói. Muito. Fere, machuca, arde. Invade, inunda, domina. Esse tempo que vai e não volta. Essa dor que chega e não vai embora. Esse amor que começa, mas não termina...

3 comentários:

  1. Eis uma prova de que o efêmero pode satisfazer no seu tempo, e só no seu tempo. Mas o efêmero, como todo entorpecente, vicia e sempre se mostra insuficiente.

    E pior, te faz ver o tempo como vilão. Logo o tempo, ardido, mas cicatrizador. E só o tempo, distante, faz da dor um pesadelo longínquo, que lentamente desaparece, tal como o teimoso sol que, dia após dia, insiste em mergulhar no horizonte para só voltar com o novo dia.

    Nossa, falei demais...Mas eu precisava, se você me convence que o tempo é ruim e o efêmero é bom, tudo perde sentido pra mim...rs

    Beijos.

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  2. Não sei se o efêmero é bom, tão pouco se melhor que o tempo.

    O tempo, no meu ÚNICO e EXCLUSIVO caso, não funciona como um cicatrizador. É só um rolar de tempo, que não muda a situação, não diminui, nem mesmo cura a dor. Tempo sem renovação não cicatriza, cultiva, estabiliza.

    Já o efêmero é só o efêmero, uma dose de esquecimento, de cura. Leva consigo a dor, mas tras de volta rapidamente. O efêmero é o antídoto do veneno da dor.

    Sabe, no fim das contas já nem sei se o efêmero me ajuda, ou se me faz lembrar da dor e fazê-la arder ainda mais. Mas o tempo, esse que vai passando, sem que eu tenha controle sobre isso, transborda-me de saudade. E é exatamente essa saudade, essa vontade de voltar e sentir e viver tudo de novo, que leva a dor casa vez mais fundo.

    Acho que falei demais também :)

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  3. Fiquei voltando aqui atrás de um novo post, mas olhando para trás notei que os posts têm um espaçamento temporal. Sempre ele, o tempo, dessa vez jogando contra, rs.
    E na sua resposta, na sua saudade, na sua dor, ele de novo. Acho que o tempo é teimoso, nunca nos parece agir no tempo certo. Não seria eu o teimoso por achar isso do tempo? Por maior que pareça a presunção, acho que não. Afinal, como diz Chico Buarque: "a dor da gente não sai no jornal".
    Cada qual com a sua dor, cada qual com seu tempo, mas, por maior que pareça minha inépcia, não sou capaz de ver respostas fora dele. Talvez por isso ele corra do jeito que quer, talvez sejamos todos reféns do tempo...
    Eu e minha mania de falar demais, tomando o seu tempo...rs

    Beijos.

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